Diferenciando a gastrite da dispepsia funcional

Essas duas entidades são muito parecidas em sintomas e muitas vezes confundidas. A gastrite sinaliza a inflamação da parede interna do estômago, isto é, deve haver dano na mucosa com infiltração por células
inflamatórias como linfócitos e neutrófilos. Uma das causas mais comuns é a presença de uma bactéria que coloniza o estômago, chamada de Helicobacter pylori. Além disso, o refluxo de bile para o interior do estômago, o consumo de bebidas alcoólicas, o uso de algumas medicações como anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico e a produção de anticorpos contra a mucosa estomacal também pode causar gastrite. O diagnóstico da gastrite é feito através de uma endoscopia digestiva alta.
A dispepsia funcional, como o seu nome diz, é uma doença que afeta
o funcionamento adequado do estômago, tanto nos movimentos da digestão como na sensibilidade aos alimentos e à acidez. Assim podemos ter a dispepsia tipo pós-alimentar, onde predominam o empachamento, distensão estomacal, saciedade precoce, náuseas e eructações excessivas. Ou podemos ter a dispepsia tipo dor epigástrica, onde predominam a dor ou
ardor na região estomacal, em geral induzida ou aliviada pela ingestão de
alimentos, podendo também ocorrer em jejum. Estes sintomas precisam ser recorrentes, estarem presentes nos últimos 3 meses e afetarem o bem estar do paciente. Nos casos em que se realize uma endoscopia na investigação, o exame deve ser normal para que se classifique como dispepsia funcional.
Como os sintomas da gastrite e da dispepsia funcional se sobrepõem,
uma consulta médica é necessária para se avaliar as queixas do paciente e
conduzir a investigação e tratamento adequado, que geralmente envolve
medicações que controlam a produção de ácido e medicações que facilitam o esvaziamento do estômago. Conforme a intensidade das queixas, os
sintomas associados, o tempo de evolução e a idade do paciente, pode ser
indicado a realização de exames para investigação, sendo os mais comuns
de serem solicitados a endoscopia digestiva alta, a ecografia abdominal e os
exames laboratoriais.
Vamos deixar agora algumas dicas que podem auxiliar no alívio dos
sintomas até a consulta médica:

  • Coma devagar e mastigue bem os alimentos
  • Faça refeições menores e mais vezes ao dia
  • Evite ingerir líquidos em excesso durante a refeição
  • Evite alimentos de mais difícil digestão como gorduras, frituras,
    embutidos, queijos amarelos, margarina ou manteiga, doces,
    chocolate, condimentos fortes ou apimentados, lanches tipo fast
    food, molhos tipo mostarda ou catchup, pimentão, picles, berinjela,
    alho e cebola
  • Evite bebidas alcoólicas, gaseificadas e refrigerantes
  • Reduza ou pare de fumar
  • Controle o estresse
  • Evite estimulantes como café, chimarrão, chás escuros, chá mate
    ou energéticos
  • Faça a última refeição cedo, de preferência pelo menos 3 horas
    antes de ir deitar